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sexta-feira, março 23, 2007

Os Estados Gerais da Direita - Parte 1

Quando pensei escrever este post, pensei dividi-lo em dois e falar sobre o Estado da Direita e da Esquerda em Portugal. Mas o que é facto é que a esquerda está tal como se, de uma casa acabada de limpar se tratasse.


O PCP e o Bloco possuem, praticamente desde o inicio um "Tratado de Tordesilhas" em que cada um possui os seus temas predilectos, os eternos problemas que, quer a situação economica seja boa ou má continuarão eternamente a subsistir: desemprego, desigualdade, casas menos condignas, desigualdade entre sexos, credos, raças.
O PCP, encontra-se numa encruzilhada. As habituais ordens que dá a CGTP para convocar greves nacionais, não estão a funcionar. Não colhe dividendos disso, porque o povo foi convencido de que as reformas são necessárias e que estão a ser feitas. O problema é que o PCP ainda não entendeu que o discurso deve ser centrado não no porquê de fazer reformas e na perda de beneficios que isso possa trazer, mas sim se essas reformas estão a ser aplicadas superficialmente ou se foi um mero ajuste de impostos que fez a receita aumentar.
O Bloco entrou definitivamente no clube dos partidos. Agora até faz jantares de apoio para com a sua autarca do Ribatejo suspeita de corrupção.
Enquanto isso, Sócrates vai dando umas dicas aos seus ministros para fazer as reformas que ele entende ser necessárias. Os Ministros somam pauladas sucessivas, são a carne para canhão pelas medidas fracturantes que tomam. No fim da presidência da UE eles saem e Socrates fica, incólume, e com as reformas (aparentemente) feitas.


Mas, e a Direita? E o Centro? Facilitam demasiado as peças do xadrez governativo?
Isso é por demais evidente. Em primeiro lugar, o maior aliado de Sócrates é o legado de Santana e Portas. Afinal os deputados eleitos, foram eleitos em listas delineadas por estes. No meu entendimento, o PS vai fracturar ainda mais mesmo em ano de eleições. Porque na actual composição da Assembleia, enquanto os Santanistas, Barrosistas ou Portistas não sairem, o legado de Durão Barroso não desaparece. Foi assim com Guterres. Aquando da crise de 2001, foi necessário renovar a Assembleia para o PS conquistar de novo a confiança dos eleitores. Teve de esperar por Durão Barroso para se renovar e reforçar com caras novas e outras "recicladas".


Isso é absolutamente notório no CDS que já vai em dez anos se não sabe se é CDS ou se é PP. Dito de forma jocosa, parece que ao longo destes anos os 3% do PP andam à paulada com os 2% do CDS. E chegam a eleições juntam-se e esticam mais um bocadinho.
Quanto ao regresso de Paulo Portas, essa vedeta mediática, ao qual lhe agradeço o fim do serviço militar obrigatório, nada me espanta o seu regresso. Foi apenas recuperar da imagem desgastada e tentar reinventar-se. Mas não conseguiu. Porque o legado que ele deixou, deixou a desejar. Herdou o Partido Populista de Monteiro e prometeu torna-lo num verdadeiro Centro Democrático Social. O que aconteceu foi tornar-se no PP do one man show.

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