Vou escrever sobre o aborto porque entendo que os meios de comunicação social não promovem o devido debate, e para cumulo limitam-se a noticiar de acordo com os seus interesses.
Penso votar não, pelas seguintes convicções:
- Para o Estado sai mais barato pagar a clinicas privadas o valor que elas exigem, do que investir verdadeiramente nos centros de saúde/planeamento familiar e investir por força disso em conjugação com politicas educativas sexuais, ajustadas aos anseios e medos dos jovens.
- A juventude é sistemáticamente usada como alibi para esta questão. As jovens mães que com 14 e 15 anos vêm de familias carenciadas e que somente têm o exemplo das suas familias. Penso que o real problema reside neste facto. Ao dizer às jovens que em caso de emergência podem abortar, irá criar um facilitismo nomeadamente no que respeita a relações sexuais desprotegidas.
- E as relaçoes fora do casamento? Os azares acontecem e o aborto vem também aqui dar uma solução dizem-nos. Advoga-se que o fruto de relaçoes promiscuas pode obviamente acabar com familias e casamentos. Claro que ninguém diz isto abertamente devido à hipocrisia mas é a verdade..
- Numa época em que há cada vez menos jovens e cada vez mais infertilidade, existem muitos casais desejosos de poder dar de si em prol de crianças abandonadas. Se a razao for falta de condições económicas, a simples agilização da lei de adopção funcionaria automáticamente como catalizador do desejo de mais familias de optar pela adopção.
- Muitos de nós, dos nossos pais foram tidos em condições dificeis, adversas, por vezes há casos em que seriamos indesejáveis. Mas os nossos antepassados acreditaram e hoje eu escrevo e voces lêm o meu blog. Certamente que se o aborto fosse legalizado essencialmente com base no "fruto indesejado" ou na "dificuldade economica" eu pelo menos não estaria aqui.
7 comentários:
Concordo ctg quando dizes que não se deveria abortar em caso de "fruto indesejado" ou dificuldades económicas. A despenalização ou não do aborto trás vantagens e desvantagens como é óbvio. Tb concordo ctg que a despenalização traria uma ideia de banalização, mas é ai q entra a consciencia das pessoas. Achas que se o aborto nao for despenalizado as coisas n vao continuar a ser cmo sempre foram? Mulheres a fazerem abortos onde calha.
Eu concordo com a despenalização do aborto em certos casos, nomeadamente em casos de violação e em casos de má formação do feto (a um ponto em que traria uma grande falta de qualidade de vida à criança).
É claro que ao despenalizar pode dar a parecer que as mulheres vao andar ai todas despreocupadas, só fazer um aborto tb n deve ser uma coisa tão fácil como ir tirar sangue. E se não for despenalizado vamos continuar a ver aumentar o consumo de pilulas do dia seguinte que, no limite, vai dar ao mesmo. Não sei o que é melhor, venha o diabo e escolha... mas nos casos específicos que referi acho que a mulher devia ter direito a ter uma opinião e ter direito a uma operação segura.
Ora ai está uma coisa que não sabias certamente :P é que em caso de violação ou mal formação do feto é possivel abortar já até às dez semanas.
Beijos
Não posso concordar ctg. O referendo que em 11 de Fevereiro se irá realizar visa que todas as mulheres que pratiquem o aborto nas primeiras dez semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado não sejam julgadas como criminosas; visa-se, rigorosamente, não uma despenalização mas uma descriminalização, isto é, um facto certo e determinado que anteriormente era considerado crime deixa de o ser. O que se quer é que as mulheres que pratiquem este facto (praticar o aborto, por sua vontade, nas primeiras dez semanas de gravidez, em estabelecimento legal autorizado) deixem de ser punidas pelo mesmo. Daí que, segundo o meu ponto de vista, a questão que se coloca é jurídica, independentemente de concordarmos ou não moralmente com o aborto. Para mim,do que se trata é disto mesmo: tirar toda a carga estigmatizante que implica o julgamento por um crime; o que é substancialmente importante é a saúde e o bem-estar de todas as adolescentes e mulheres que decidam, pelas mais variadas razões, dispõr do seu corpo, e das crianças, pois como falaste, o processo de adopção demora eternidades, e estaremos a contribuir para que tal situação se mantenha se votarmos não, e para que mais crianças venham parar a instituições de adopção com escassas prespectivas de formarem as suas personalidades com tudo a que têm direito; daí que acho imperial que o Estado assuma responsabilidades (e tem-nas constitucionalmente) neste âmbito, criando todas as infraestruturas e possibilitando tudo o que esteja ao seu alcance para que a saúde e a qualidade de vida dos seus cidadãos seja assegurada; não são só jovens desfavorecidas de 14 anos que praticam o aborto (todos sabemos disso), só que essas n têm os meios monetários para o fazerem com todos os cuidados fora do nosso país; tenho plena fé que ao votarmos sim, não vamos fazer do aborto outro meio contraceptivo, pois acredito que ponderar faze-lo não deve ser propriamente fácil e inequívoco por toda a sensibilidade que a questão envolve.
Posto isto, e por muitas outras razões (mais ja aqui vai um testamento!) vou votar sim no dia 11.
Temos mesmo que evoluir, para nos aproximarmos um bocadinho da grande maioria dos países da UE que já ultrapassaram, obviamente, esta barreira.
Bj *
Pois é, tens razão... talvez esta discussão sobre a despenalização do aborto seja um pouco em vão, pk se ele n for despenalizado os abortos (interrupções voluntárias da gravidez) vão continuar a ser feitos quer por intermédio da pílula do dia seguinte, quer recorrendo a "médicos" mais ou menos experientes, quer por outros meios.
Às xs ponho-me a pensar.. muitas xs digo que nos dias de hoje só engravida quem quer pois temos tudo ao nosso dispor: informação, métodos contraceptivos gratuitos.. mas tb axo que quem anda à chuva molha-se e ninguém está livre de um azar pk nada é infalível, como tal, axo que é um peso enorme que recai sobre a mulher.. n se resume simplesmente a condenar o acto de rejeição de uma vida e pronto. Há muitas mais coisas em causa, que podem n ser mais importante que uma vida mas que pesam.
Bjinhos
Compreenda-se: (...) a saúde e bem-estar de todas as adolescentes e mulheres (...) e das crianças (...). Assim está melhor! ;)
Ainda hoje falamos sobre isto. Percebem-se tão bem as razões que apontam num e noutro sentido. Há argumentos lógicos e atendíveis de ambos os lados. Faz-me pensar muito a questão da pena de prisão para a mulher que decide realizar a ivg. Não terá sido a dor física e psicológica pela qual ela passou pena pesada o bastante? Não será que uma mulher (mais ou menos jovem) que tenha decidido fazer um aborto, mas tendo uma familia perfeitamente estruturada, um futuro até promissor, pode sofrer efeitos "maléficos" da prisão que acabem por tornar muito mais complicada a sua vida após o cumprimento da pena? (creio q andamos bem a par daquilo que se passa nas nossas prisões). Sim. Porque sabemos bem que este é um fenómeno transversal... n afecta só pobres, nem só adolescentes. Se compreendo todas estas razões há qualquer coisa que me martela dentro da cabeça que me faz pensar também no sentido oposto.. provavelmente este é um argumento que não atende à razão nem à lógica.. independentemente dos entendimentos que se possam ter sobre o início da vida e de quando é q aquele minúsculo pontinho é considerado um ser humano, faz-me confusão que se negue a possibilidade de futuramente haver mais uma pessoa no mundo.Não é um argumento jurídico, mas para mim, e aqui discordo da martinha, esta questão não é nem nunca será estritamente jurídica. Toca em valores e na consciência das pessoas.
por falar em hipocrisia - hipocritas aqueles que defendem o aborto e comemoram o natalHomem
defendem o aborto e ainda festejam o nascimento do menino jesus!
hipocritas são os que pensam que com o aborto resolvem os problemas de maus tratos.
hipocritas são porque querendo fazer-se moralistas estão a defender o pior dos maus tratos... a morte de uma criança.
Enfim são coparticipantes num homicidio que hipocritamente dizem estar indignados.
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